Num dia desses ensolarados de São
Paulo, João Barriga d’Água com sua companheira Gabriela Pançudinha, os dois
casados há pouco tempo, estavam passeando alegremente pelo Parque Vila Lobos
quando ela começou a passar mal. A moça mal conseguia andar, e no miudinho chegaram
a um ponto de táxi e foram correndo para um pronto socorro. Lá, foram muito bem
atendidos e segundo os sintomas relatados, chegaram logo ao médico especialista
em mulheres num estado interessante. Ao iniciar o atendimento ficou constatado
o que já se presumia: a moça estava de fato montando um novo ser e o tratador
de gentes quando deu a notícia, percebeu no rosto aflito de Gabriela que a pressão
da moça estava alta, ela já sabia da hipertensão herdada. De bate pronto, o tal
á que os atendia falou que precisavam fazer um planejamento familiar e se
imaginou retirando o que a fazia geradora de vida, pensou mais um pouco e se
imaginou fazendo isso em série com todas a mulheres que se pareciam com ela,
pensou na pele e nas histórias comuns. Mas não tinha noção da ancestralidade
que os dois atendidos carregavam. O homem do jaleco branco deixou transparecer
a ideia sádica de forma que João e Gabriela perceberam a loucura do sujeito. Iam
partir pra cima da criatura que muito desconcertado saiu às pressas para o banheiro.
Imediatamente, se transportaram para o facebook e contrariando todas as normas
familiares, anunciaram. Em menos de um minuto, choveu mensagens e curtidas. E a
mais contundente foi a de um tiozinho superconectado, que aparece uma vez na
vida e outra na morte, mas ciente dos problemas de hipertensão da família de
Gabriela, recomendou que comprassem logo uma televisão já que era o único artigo
que faltava na residência...
leo bento
Limoeiro. 05 de janeiro, 2014